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O que é Campo Harmônico?

Pedro Lopes
Pedro Lopes

Você já deve ter ouvido falar sobre “Campo Harmônico” uma dezena de vezes durante os seus estudos de música, ainda mais se tem interesse em aprender a tirar músicas de ouvido. É um tema realmente muito importante para todos que pretendem entender como funciona a construção harmônica de uma música (os famosos acordes), seja para compor, improvisar, transpor ou mesmo analisar uma música.

Sendo um assunto considerado simples de entender na teoria, mas que demanda muito estudo para “deixar na mão”, ou seja, para ter proficiência no seu instrumento. Por isso, vou te dar algumas dicas de como estudar Campo Harmônico!

Notas musicais em aquarela na cor azul.

O que é preciso saber para estudar Campo Harmônico?

Para entender esse conceito, é preciso conhecer um pouco de tonalidade e escalas, porque essa será a base de toda a construção do Campo Harmônico.

Sendo muito breve nessa introdução, basicamente, uma tonalidade é um conjunto de notas que “combinam” entre si, que geram uma sonoridade predeterminada que é considerada “bonita”. Para isso, temos uma nota base, chamada de tônica, que vai comandar a tonalidade. Como se a Tônica fosse o Sol e as outras notas fossem os planetas, que a orbitam porque ela é o principal elemento no sistema todo.

As notas da tonalidade formam uma escala e, você já deve ter ouvido que uma música está em Sol maior, outra em Ré menor… Isso significa que a melodia foi composta utilizando as notas destas tonalidades. No nosso sistema tonal ocidental, as escalas costumam ter 7 notas, por exemplo, a escala de Dó maior, cantada desde cedo para a gente: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si.

O que é Campo Harmônico?

Se uma melodia costuma ser baseada em uma escala de notas que está dentro de uma tonalidade, é possível intuir que essa mesma escala também pode gerar acordes e, eles farão parte do acompanhamento da melodia da música.

A palavra harmonia em música, refere-se a um conjunto de notas tocadas simultaneamente, ou seja, os acordes.

Sendo assim, a definição de campo harmônico pode ser considerada como o conjunto de acordes gerado pelas notas de uma tonalidade. Na prática, são montados todos os acordes possíveis de serem construídos com as 7 notas daquele tom.

Existe um jeito bem fácil de montar essa estrutura. Usando como exemplo a tonalidade de Dó maior para a sua elaboração, basta construir um acorde em cima de cada nota da escala usando apenas as notas da escala. Se a primeira é um , que acorde consigo montar em cima de Dó, usando somente as notas dessa escala? Apenas o acorde C, que possui Dó-Mi-Sol. Qualquer outro acorde de C, como Cm, Cdim ou C+ teriam notas que não pertencem à escala de C.

Assim, a conclusão é que todo campo harmônico possui 7 acordes, cada um montado em cima de uma nota da escala.

O Campo Harmônico de Dó Maior

Para ter uma referência de estudo, montando os 7 acordes da tonalidade de Dó maior, o resultado é o seguinte: C - Dm - Em - F - G - Am - Bdim. Essa é a única possibilidade, qualquer outro acorde aqui usaria notas fora da tonalidade e fugiria do Campo Harmônico.

É interessante reparar que há sempre uma lógica que se repete, independente da tonalidade. Decorar pode tornar sua vida mais fácil e trazer respostas mais rápidas.

Porém, mais importante do que decorar esses acordes, é entender como chegar nessa resposta. Assim, você conseguirá montar qualquer campo harmônico, de qualquer tonalidade, em poucos minutos.

A fórmula do Campo Harmônico Maior

Baseado no campo harmônico de Dó maior montado acima, é possível extrair a seguinte fórmula que funcionará para qualquer tonalidade maior:

Para facilitar a fala, cada acorde da sequência é nomeado por um grau, ou seja, o primeiro acorde será o “I grau”, o segundo acorde será o “II grau”, e assim por diante. Vale lembrar que o uso dos números romanos é um padrão nesse sistema.

Então, simplificando toda essa teoria:

Como montar qualquer Campo Harmônico Maior?

Se conheço a escala de uma tonalidade, basta aplicar a fórmula descrita acima. Pegando como exemplo a tonalidade de Mi Maior: se você já toca um pouco, sabe que essa escala tem as seguintes notas: Mi, Fá#, Sol#, Lá, Si, Dó#, Ré#. Então, o resultado é o seguinte:

Ou seja, o Campo Harmônico de Mi maior tem os acordes E, F#m, G#m, A, B, C#m, D#dim.

A fórmula do Campo Harmônico Menor

Sendo bem teórico e seguindo uma cartilha que nem sempre é verdadeira na prática, para montar o campo harmônico menor, o ponto de partida é a escala menor harmônica, porque é ela que se presta melhor aos assuntos harmônicos. É possível montar os outros campos harmônicos em cima das escalas menor natural e menor melódica, ok? Porém, a base será a escala menor harmônica.

Que tal seguir com o exemplo de Dó? A escala de Dó menor harmônica possui as notas: Dó, Ré, Mib, Fá, Sol, Láb e Si. Para montar o campo harmônico, basta construir um acorde em cima de cada uma dessas notas, usando apenas elas.

O resultado é o seguinte: Cm, Ddim, Eb+, Fm, G, Ab, Bdim. A partir disso, é possível extrair a seguinte fórmula para os Campos Harmônicos menores (harmônicos):

Dá para perceber que essa fórmula gera uma certa estranheza, principalmente por causa do III e VII graus. Por isso, é muito comum misturar as escalas menores durante uma música, o que faz com que os campos harmônicos também sejam embaralhados. Em especial na música pop, onde é muito comum fazer esse III e VII graus maiores (não aumentado e diminuto, respectivamente), porque é usado mais a escala menor natural como base de tonalidade.

Como estudar Campo Harmônico?

Há uma tabela com todos os campos harmônicos escritos, mas é muito importante experimentar e aprender a usar essas fórmulas. Decorar todos os campos harmônicos é uma tarefa árdua e nem um pouco prazerosa! Por isso, a dica é montar sob demanda, conforme o seu estudo for caminhando. Estudar todas as tonalidades juntas, é uma estratégia ruim, porque será difícil decorar todas elas de uma vez.

Então, se entendeu que esse assunto é importante e que tem muita coisa para estudar, precisa de um plano. E nada melhor do que fazer as coisas por partes!

Basicamente, são 12 escalas maiores e 12 escalas menores, ou seja, 24 campos harmônicos para ter debaixo dos dedos! Que tal estudar dois desses por semana, para ter tudo muito bem estruturado em 12 semanas?

É bastante tempo, mas te trará uma qualidade incrível no assunto!

A sugestão é treinar em cada semana um Campo Harmônico maior e outro menor, focando na mesma tônica em uma semana, o que te deixará mais alerta para as diferenças entre as tonalidades maiores e menores. Ou seja, na semana 1, estude C e Cm, na semana 2, G e Gm e assim por diante.

E como fazer esse estudo?

Toque o campo harmônico subindo e descendo os 7 acordes na sequência, de preferência, resolvendo no acorde I oitavado, para dar mais sentido. Depois, experimente trocar essa sequência, tocando em outra ordem. Por exemplo: I - IV - II - V, ou I - VI - IV - V, assim, você vai experimentar a força que cada acorde possui no contexto.

Além disso, treinar uma música na tonalidade da semana seria muito legal! Nada como colocar o assunto em prática em um repertório! Então, procure por músicas que originalmente foram tocadas na tonalidade da semana e deixe tudo ainda mais interessante.

Conclusão

Entender a lógica por trás dos Campos Harmônicos é algo simples, mas estudar essa quantidade de conteúdo é mais complexo. Por isso, evite caminhos rápidos e aprenda a se divertir com o processo de descoberta das tonalidades. Isso é algo mágico que abrirá sua mente para compor, improvisar e tirar músicas de ouvido. Para aprender mais, veja o curso Teoria 1: Aprenda sem medo da MusicDot.